Com qualidade que beira o realismo, o Veo 3 impressiona por gerar vídeos com imagem, som e movimento integrados, elevando o padrão das IAs de criação audiovisual.
Na última semana, o Google apresentou seu modelo mais avançado de geração de vídeos por inteligência artificial, o Veo 3, um sistema que cria clipes cinematográficos a partir de prompts, com direito a trilhas sonoras próprias, ruídos de fundo e sincronização labial. O nível de detalhes é tão grande que pode ser confundidos com filmagens reais.
A apresentação da nova IA aconteceu durante o evento Google I/O 2025, onde outras inovações relacionadas à IAs foram reveladas. Segundo relatos, este foi o modelo quem mais chamou a atenção por capacidade de gerar imagens, movimento e som em um único processo.
Como funciona o Veo 3?
Desenvolvida pelo Google DeepMind, o Veo 3 combina múltiplas tecnologias para criar vídeos realistas com narrativa coerente e efeitos visuais refinados. Seu funcionamento é baseado em grandes modelos multimodais que interpretam descrições textuais (prompts) complexos e os transformam em sequências de vídeo de alta qualidade.
A IA é capaz de gerar até um minuto de conteúdo com resolução 1080p, mantendo consistência visual, lógica narrativa, movimentação fluida e, surpreendentemente, som sincronizado com as imagens — incluindo trilhas sonoras e efeitos sonoros ambientais.
O Veo 3 utiliza técnicas de treinamento que integram referências de filmes, cenas cinematográficas e material audiovisual variado, o que contribui para o aspecto realista das produções. O modelo também conta com aprendizado baseado em feedback humano e reforço para melhorar continuamente os resultados.
Onde e como o Veo 3 pode ser usado?
A nova IA do Google foi projetada para democratizar a produção de vídeos, permitindo aplicações que vão muito além do entretenimento. Seu potencial se estende por áreas como cinema independente, publicidade digital, criação de conteúdos para redes sociais, educação e até videogames.
Por gerar vídeos com aparência profissional, como se fossem filmagens reais, a ferramenta representa um avanço para produtores com recursos limitados. Pequenos estúdios, influenciadores e educadores podem explorar narrativas visuais sofisticadas sem depender de câmeras, equipe técnica ou software de edição caros.
Além disso, o Google está desenvolvendo recursos de curadoria e edição embutidos, permitindo que os vídeos gerados sejam ajustados com facilidade. A proposta é tornar o Veo 3 acessível também para pessoas sem formação técnica, com uma experiência de uso intuitiva e resultados prontos para publicação.
Onde está disponível?
O Veo 3 pode ser acessado por meio da plataforma Flow (outra ferramenta de IA do Google), no entanto, esse acesso está atualmente limitado aos Estados Unidos e exige uma assinatura do plano premium Google AI Ultra, que custa 250 dólares mensais. Esse plano oferece prioridade e acesso antecipado às tecnologias mais avançadas de inteligência artificial da empresa.
Por enquanto, usuários do Brasil e de outros países ainda não têm acesso ao Veo 3. O Google afirmou que pretende realizar uma expansão progressiva, mas não divulgou prazos nem detalhes sobre quando a IA será liberada globalmente. Portanto, a expectativa é que a ferramenta passe por um período de testes e refinamento com os primeiros usuários antes de ser lançada em larga escala.
Preocupações com o uso da IA
Apesar do entusiasmo, o Veo 3 levanta diversas discussões éticas e técnicas. Um dos principais pontos de atenção é o potencial uso da tecnologia para criar deepfakes, manipulações visuais realistas que podem ser utilizadas para desinformação.
Outro tema em debate é a propriedade intelectual: ao treinar a IA com materiais audiovisuais diversos, especialistas questionam se os conteúdos gerados podem infringir direitos autorais, especialmente quando há similaridade com obras existentes.
Há preocupações também sobre o impacto da tecnologia no mercado de trabalho audiovisual. A automação de tarefas criativas pode transformar profundamente os papéis de editores, animadores e roteiristas, exigindo novos tipos de qualificação profissional.
Para mitigar esses riscos, o Google afirmou que está aplicando medidas de segurança e transparência, como marca d’água digital invisível nos vídeos gerados e sistemas de revisão humana para projetos públicos.